quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Gerente da CEF mantém jornalista em cárcere privado

   A situação é bizarra! 
   Aconteceu comigo na manhã de terça-feira, dia 28.

                                                                                  Momento que o Sr. Adélcio chamava a polícia
   
   Acordei com um certo gosto de Volga em maré vazante, na boca. Não era ressaca. A noite anterior tinha sido comportada. Algo me dizia que não deveria sair de casa. Ficar quieto, recolhido...mas atento.

   Vibrações...vibrações!

   Contrariando pressentimentos, saí de casa cedo e, logo que deu o horário regulamentar para abertura dos bancos, lá estava eu entrando na minha agência da Caixa Econômica, Ag. Anita Garibaldi, no centro de Florianópolis. Fui pedir informações sobre um repasse eletrônico, feito pelo google, para a minha conta no dia 22, e que não apareceu no meu extrato até hoje.  
Entrei na agência por volta das 10:40h. Peguei a senha nº36 e me encaminhei para o atendimento na sobre loja. Ao descer as escadas já pressenti...o inferno de Dante!
   Sala lotada, senhoras de "meia idade" se abanando, mães impacientes com filhos no colo e idosos reclamando do tempo de espera. Apenas dois funcionários públicos atendendo. Reclamação geral, tinha gente há mais de 30 minutos sem atendimento.

   Como não tenho saúde para filas, desisti e  subi para o salão de entrada. Quase saí, parei, olhei escutei...o quadro era mais grave do que eu imaginava. Os caixas eletrônicos do lado de fora estavam todos fora do ar. Uma segurança magra, pequena e armada, da Ondrepsb, isolava a área e avisava incisivamente - com o polegar direito virado para baixo - que nada estava funcionando. 

   Dentro do saguão, os comentários eram: "o sistema está fora do ar", "o sistema caiu". A palavra sistema exerce uma atração irresistível nas pessoas com pouco conhecimento de informática...eu acho, pois é repetida à exaustão!

   Uma senhora idosa, caminhava na frente dos clientes, que lotavam as cadeiras de espera, com a senha na mão dizendo que já estava ali há mais de 30 minutos e não tinha sido atendida.

   - Não existe uma lei que diz que a espera no banco deve ser de no máximo 20 minutos. Onde se denuncia isso?, falou subindo o tom da voz.

- No Procon, disse outra mulher. - A senhora vê aí na senha o horário impresso e comprova o tempo que ficou esperando.

- Mas não tem horário impresso, disse a idosa conferindo o ticket. 

- O sistema está desligado!!!!!!, disse outro cliente apontando para aquele monitor que apita quando chama o próximo número. 
  Era o caos!


   A situação era tão inusitada que resolvi fazer uma foto geral do ambiente para, mais tarde, ilustrar uma matéria sobre o péssimo atendimento do serviço bancário público. Nesse momento poucos funcionários estavam na agência. Se aproximava da hora do almoço. Eles somem!

   Fiz a foto e resolvi ir embora. Desisti de ser atendido. Ao tentar passar pela porta giratória...trunk...trunk! O guardinha atrás de mim, toda vez que eu tentava sair, usando todo o poder da sua geringonça eletrônica na mão, apertava um botão e a porta trancava. Me impedia de sair.

- Por favor, o senhor pode liberar a porta?, perguntei.


- O gerente já está vindo aí. O senhor tem que aguardar. Disse o magrão com colete à prova de bala, revólver e mais um monte de enfeites militares que lembrava uma Tartaruga Ninja desidratada.

   Aí percebi que a bronquite era comigo. Eu havia sido preso. Impedido de sair da agência onde tenho conta há mais de 10 anos. 
   A agente que impedia as pessoas de acercarem-se das caixas eletrônicas no saguão, agora estava dentro da agência e, frenética, subia e descia a escada que levava ao superior gabinete do Sr. Adélcio, o Gerente Geral da Agência Anita Garibaldi da Caixa Econômica Federal.

   Logo em seguida aparece o gerente Adélcio, com seu crachá pendurado no pescoço e o telefone celular nas orelhas.

   Com o tom da voz elevada bem acima dos seus 1,67 metros, o Gerente Geral me interpela dizendo:
- O senhor não pode filmar aqui dentro! Vai ter que apagar tudo que filmou no seu celular, estou chamando a polícia. 

- Você está me prendendo dentro da agência?, perguntei por trás da câmera do celular que a esta hora já registrava as andanças nervosas do Sr. Adélcio, que virava as costas sem responder e fazia um primeiro contato com a polícia.

- Por favor, preciso de uma viatura da polícia urgente aqui na agência da caixa no ARS. Tem um cidadão aqui que está perturbando a ordem.

   Não acreditei no que estava ouvindo. Achei a situação bizarra. Jamais passou pela minha cabeça que cargos de gerência geral de um banco poderiam ser ocupados por pessoas de tão baixa estatura cultural, totalmente despreparada para o trato com o público onde a truculência substitui a educação e aflora o autoritarismo dos imbecis.

   Pois bem, era isso que estava presenciando aos 64 anos. Depois de passar por todo tipo de experiências autoritárias e constrangedoras no período da ditadura militar quando andei por prisões de todo o tipo, aquilo que presenciava, para mim, era café pequeno. Apenas assisti com olhar de quem está em um circo numa apresentação de palhaços. Ri da situação e fui sentar junto com os idosos que impacientemente esperavam pelo atendimento dos subordinados do Sr. Adélcio, Gerente Geral da Caixa Econômica Federal, agência Anita Garibaldi, centro de Florianópolis.

   A polícia não chegava, o tempo passava e os comentários cada vez ficavam mais engraçados. 
 - O atendimento da polícia é mais demorado que o da Caixa Econômica, pelo jeito! Disse uma impaciente senhora, há mais de 1 hora esperando ser atendida.

   De costas voltadas para os clientes, mãos pegadas nas costas, na altura dos rins, o Sr. Adélcio estava duro, ansioso, esperando a chegada da cavalaria. 
   Não imagino o que pensava o Sr. Adélcio naquele momento. Sendo observado e ridicularizado por aquele monte de gente depois de dar o seu showzinho de autoritarismo, devia imaginar a minha prisão como desfecho por tão efetiva atitude em defesa do patrimônio público do qual é o Gerente Geral.


   A chegada do meu advogado e de dois tranquilos e educados policiais teve um efeito devastador na fisionomia do Sr. Adélcio. O rosto sério e autoritário derreteu feito sorvete e passou a ser de preocupação. Caiu na real.

   Me identifiquei como jornalista para os policiais e perguntei qual seria o procedimento. Ao perguntar se seria levado para a 1º DP, os policiais riram, denunciando o ridículo da situação.

   Fizeram um boletim de ocorrência com depoimento meu e do Sr. Adélcio, em um tablet, se desculparam pelo atraso e pela pressa com que saíam, pois tinha outra ocorrência para atender. Tipo, tem mais coisa mais importante para fazer do que atender um gerente de banco despreparado para tratar com a população.

   Diante de uma situação de caos dentro da sua agência, o Sr. Adélcio perdeu o controle emocional e cometeu crimes de constrangimento e cárcere privado, pelos quais responderá perante a Justiça.


   Para mim, além do constrangimento e perda de tempo, a situação rendeu esta bela matéria, bem melhor do que a que eu havia imaginado.

   É, Sr. Adélcio, Gerente Geral da Caixa Econômica Federal, o sistema caiu!

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

As lambanças no mundo colombino

“A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças, do que nos nossos bolsos.” Arthur Schopenhauer
  
por Eduardo Guerini 
   
Santa Catarina de Alexandria, rogai por nós!!
  Na província catarinense, os analistas políticos da mídia local, tratam as questões de governo como coluna social, simples narrativas de fatos e ações sem contudo perceber o contexto e interesses envolvidos. Os jornais e seus colunistas são mero assessores de imprensa terceirizados por secretários de governo, deputados e governantes de plantão.

   O cenário de caos fiscal que se instalou no Casa d’Agronômica, contrasta com a serenidade clerical das entrevistas cada vez mais modorrentas que o governador Raimundo Colombo e seus secretários concedem para explicações sobre as diversas lambanças na área de segurança pública, saúde e educação. A tentativa diária nos jornais e telejornais é vender um Estado que passou incólume a queda na arrecadação proveniente da maior recessão econômica que o Brasil vivencia. Eis que nossos ufanistas e regurgitadores sem capacidade crítica, narram o febril estado da saúde, a endêmica elevação da insegurança pública, os problemas na educação, como se fosse mero acaso, não resultado de uma política deliberada de um governo que alimenta no segundo mandato a máquina reeleitoral.

   As contas do governo do Estado, ressalvadas por pedaladas fiscais que garantiram o financiamento da reeleição colombina em 2014, são tratadas como fruto de um engano no código de recolhimento do ICMS. Uma fatura que foi avalizada pelo “Tribunal Faz de Contas”, um fiel depositário de políticos em conluio com o compadrio familiar que impera na província catarinense.

   A Assembleia Legislativa de Santa Catarina continua servil aos desígnios da engenharia política em ampla coalizão governista que silencia e aprova todos os projetos condicionados no rodízio interminável de cadeiras do parlamento catarinense para projetar políticos suplentes e cabos eleitorais da base. Mesmo com restrições graves apontadas por técnicos do TCE/SC, com pedaladas fiscais que ultrapassam a casa do bilhão, com redução nos repasses dos poderes e UDESC, assim como reduzir o repasse aos municípios desde 2015. A reiterada prática é minimizada com a reedição do FUNDAM – Fundo de Apoio aos Municípios, mais uma obra e graça da lambança colombina endividando o Estado e lançando o “papagaio das dívidas” para o futuro inquilino da Casa d’Agronômica.

   As lambanças no segundo mandato de Raimundo Colombo são obra e feito de secretários que encontram terreno fértil na falta de transparência, na cooptação rasteira, num governo sem projeto, com velhas lideranças políticas que não se cansam de usar e abusar do aparato estatal da província para criar expedientes, garantindo sua sobrevivência política. Estranhamente, a mídia trata de lançar pesquisas de intenção de voto para o pleito de 2018, sem contudo narrar as peripécias de um cambaleante governante enredado no caos fiscal, com dividas bilionárias que se arrasta em explicações insonsas com o inegável auxílio de uma horda de colunista políticos que tratam os atos do governo da província como festejo social.

   Com intendentes de voto de cabresto, colunistas cooptados, um governo de secretários silentes e subservientes, uma Assembleia Legislativa e Tribunal de Contas omissos, a província catarinense segue para o abismo econômico-social, caos fiscal, em claro sintoma de “shut down”, fruto das lambanças da gestão da ineficiência, festejando a chegada de mais um temporada de veraneio com seus transatlânticos, enquanto Raimundo Colombo brindará seu foro privilegiado no Senado Federal.

   Santa Catarina de Alexandria, rogai por nós!!

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

PF ataca quadrilha que seria o grupo político de Ada de Luca

Embora mantido em sigilo o nome do(a) deputado(a) investigado (a) pela PF por crimes de falsa prestação de contas, corrupção e formação de quadrilha, o nome que surge nas mídias sociais é o da deputada Ada de Luca, do PMDB, atual secretária de Justiça e Cidadania.


Ada, na "área" desde Luiz Henrique sa Silveira
   Uma operação especial denominada República Velha foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (24) em vários municípios do Sul de Santa Catarina pela Policia Federal. Segundo a nota oficial, a ação investiga uma falsa prestação de contas, corrupção e formação de quadrilha na eleição de um deputado estadual na eleição de 2014. A ação foi fundamentada em dados do Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina.
   Os policiais realizaram operação de busca no gabinete do vereador Toninho da Embralit, que integra um esquema político da deputada Ada de Luca, do PMDB, em Criciúma e do presidente da Cooperativa de Morro da Fumaça, também do mesmo grupo político e de um Secretário Municipal de Içara.

Leia matéria completa no Moa. Beba na Fonte

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Dupla JoJu inaugura a bandalheira na campanha para 2018

   Presidente da Fundação Catarinense de Educação Especial, colocando a instituição pública a serviço de máquina política partidária. Um acinte!

       Depois de um estratégico passeio pelo Tribunal de Contas do Estado de SC, onde aumentou seu círculo de poder ampliando favores, Júlio Garcia, ex-diretor do Besc, ex-deputado, ex-presidente da Alesc e ex-conselheiro do Tribunal de Contas, volta à vida política com sede. Quer ser deputado novamente e para isso se juntou com o deputado federal João Rodrigues do PSD.
     Pela forma agressiva e desavergonhada que já expôs, não está para brincadeira. O atropelador "estilo Júlio Garcia" está de volta. 
   Modelito plagiado do ex-governador peemedebista, Paulo Afonso, Júlio combina favores institucionais com atos políticos partidários sempre usando a máquina e o dinheiro público. Paulo Afonso amargou um processo e condenação por uso indevido da máquina pública e abuso de autoridade, por tanto descaramento.
   O esquema Paulo Afonso funcionava da seguinte maneira: em um primeiro momento atos administrativos com distribuição de cheques, sementes, assinava convênios, entregava veículos para a segurança (que não pagou). 
   Em um segundo momento: abrem-se as cortinas e, no mesmo local e com o mesmo público, realizava um comício político partidário buscando a reeleição ao governo, em 1998.
    Adorador da "estratégia Paulo Afonso",  Júlio parece seguir no mesmo caminho. O convite da Fundação Catarinense de Educação Especial para uma "confraternização", na cidade de Braço do Norte, coincide com local, dia e horário (diferença de apenas 30 minutos antes) do convite do João Rodrigues e do Júlio Garcia para outra "confraternização", esta de cunho político partidário, o encontro regional do PSD.
   
O gato de Colombo

   A exumação de cadáver do cemitério político que é o Tribunal de Contas, aliás, o primeiro caso na história da política catarinense, faria parte de uma estratégia do governador Raimundo Colombo de usar Júlio Garcia para manter a tripaliança, com PSD/PMDB/PSDB e, por tabela, afastar Gerlson Merísio do embate eleitoral, já que este fechou com o PP, eliminando o PMDB da parceria. Em troca, Colombo atendeu o pedido de colocar o deputado pupilo de Júlio, Ney Ascari, em seu lugar no Tribunal de Contas.



    É cobra comendo cobra!
     A convocação de João Rodrigues, segundo ele mesmo falou à imprensa, será para apresentar Júlio Garcia como pré-candidato à Assembléia Legislativa. Na verdade, João Rodrigues, com esse ato, se alia a Júlio, para usufruir do seu poder e alijar Gelson Merísio da cabeça de chapa ao governo pelo PSD.
  
   Uso político de instituição
   A convocação para uma "confraternização" - feita pelo presidente da Fundação Catarinense de Educação Especial (Instituição pública), Eliton Verardi Dutra - para mesmo local, data e horário da "confraternização" política da dupla JoJu, não é mera coincidência. Evidencia o uso político de uma instituição pública (Apae), por seu presidente, em favorecimento de Júlio Garcia, autor da Lei 13.633/2005, que garantiu às Apaes de Santa Catarina apoio decisivo do Poder Público. As Apaes, anteriormente, dependiam exclusivamente de doações e da colaboração de voluntários.

    
   É o Júlio cobrando a lei que favoreceu as entidades.


Explicação:
Presidente da Fundação Catarinense de Educação Especial, Eliton Verardi, por mensagem no FB agorinha mesmo, me diz que tudo não passou de um engano da "secretária".
A mensagem:

Sergio boa tarde É o Eliton presidente da fcee
Sobre o convite
Houve uma confusão em relação a datas e eventos por parte de uma gerência aqui na fcee
O evento e dia 30 no teatro Pedro Ivo e não em braço do norte
Pode ter certeza que a minha intenção jamais seria e será de fazer política com a causa
Meu trabalho aqui está sendo muito bom para evolução enquanto pessoa
Tenho trabalhado inclusive nos finais de semana retratando nossos alunos nos muros da instituição com um trabalho maravilhoso com as familias (sic)
Me desculpe pelo erro administrativo, afinal vc também é membro da sociedade a qual devo satisfação enquanto gestor público
Mas tenho minha consciência tranquila...acabei de distribuir 7.8 mi para todas as apaes de sc
Fiz minha obrigação buscando um recurso inesperado para todas as instituições
E tenho certeza que um dia Deus talvez me retorne algo bom
Mas não fiz e nem faço esperando retorno....apenas faço e deito todas as noites com a consciência tranquila que tenho trabalhado muito aquii
Te convido a vir conhecer nossa instituição e ver nossa obrigação sendo cumprida
Me desculpe mais uma vez...já enviei retificação as 4 ou 5 instituições que receberam
E chamei minha equipe pra falar tambem
 

STF tenta diminuir privilégios de empregados do povo

“A restrição ao foro passará, talvez com mais votos do que se imagina - no máximo com dois contrários. Só há risco de um novo pedido de vista”. 

    por Matheus Leitão
    Se não houver um pedido de vista nesta quinta-feira (23), o Supremo Tribunal Federal (STF) vai aprovar a restrição do alcance do foro privilegiado para políticos, um avanço contra a impunidade.
    Prevalecerá o entendimento do ministro Luís Roberto Barroso, em sessão prevista para o início da tarde, de que políticos só devem ter direito a uma corte especial caso o crime do qual forem acusados tiver sido cometido no exercício do mandato ou em razão dele.
    Os supostos delitos praticados por parlamentares e ministros antes da posse, e sem relação com o exercício do cargo, seriam levados à primeira instância da Justiça, evitando a prescrição das ações.
    Ministros ouvidos pelo Blog afirmaram que a restrição ao foro, que pode desafogar o STF e reduzir em até 90% os processos e investigações criminais, só não ocorrerá se houver um pedido de vista. 
   Leia matéria do G1. Beba na fonte.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

O moralista apartidário

O tal que não faz política é este aqui
   Segundo a Folha de São Paulo, o juiz Sérgio Moro, teria sido vaiado, ontem à noite, por meia dúzia de procuradores. 

   O organizador do protesto foi Guilherme Rodrigues, procurador de Fortaleza e presidente da ANPM entre 2012 e 2014.
    

   Ele disse à reportagem:

   “Usar a toga para fazer política é algo inadmissível, e é isso que Moro faz”. 

 "Eles" não desistem!

               

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Casan joga merda no Centro Histórico

   Desde 5º feira da semana passada que uma tampa da rede de esgotos da Casan, na esquina das ruas Nunes Machado e  Victor Meirelles, no centro histórico de Florianópolis, transborda e despeja dejetos e água podre rua abaixo.
   O cheiro é insuportável e invade toda a região de comércio e de prédios públicos como o do Ministério da Fazenda, bem em frente à porquidão.
   Comerciantes e moradores da região não pararam de ligar para o serviço de atendimento da Casan e nada aconteceu até agora.
   Hoje, um telefonema pedindo urgência no atendimento, teve a seguinte resposta: 
- O atendimento será feito em um prazo de cinco dias úteis. Tem que esperar!

   Há poucas semanas, o diretor-presidente da Casan, Valter Galina (PMDB), juntamente com o "triste" prefeito da capital, anunciaram o lançamento de edital para despoluição da orla da Beira-mar Norte, em Florianópolis.
   A bobagem, o factóide, teve ampla cobertura da imprensa local. Ou foi para ocupar espaço na mídia ou para ganhar dinheiro no projeto, aliás, artimanha comum nos dias de hoje. Se ganha dinheiro no projeto.
 
    Então fica assim, o Valter Galina promete despoluir a Baia Norte e a Casan joga merda no Centro Histórico!

   Milhafre!!!!!!!


sábado, 18 de novembro de 2017

O FANTÁSTICO MUNDO DE ANDRES CARNE DE RES

   A 30 kilômetros de Bogotá, à beira da estrada principal da pequena localidade de Chía, está a casa de Andrés Jaramillo e Stella Ramírez. 
   Parece que estou fazendo comercial de um restaurante colombiano, né? 
   Não, não é um comercial, é apenas um relato de uma experiência "sensorial" das mais interessantes que já passei.
   Quando estacionamos o carro em frente aquela cabana (enorme) de madeira com teto baixo, coberto com telhas e o imponente nome ANDRÉS CARNE DE RES, pulsando num luminoso colorido, fomos recebidos por um porteiro que nos encaminhou por um labirinto de pequenas escadas, passarelas de madeira com paredes e teto totalmente cobertos de...tudo que se possa imaginar. 
   Um mundo mágico de manequins, acordeões e máquinas de escrever a conviver lado a lado com corações vermelhos que piscam a palavra amor, alegria, azar, sal e outras vocábulos impensáveis em um restaurante.
   A música caribenha, tocada ao vivo, começa a invadir os teus sentidos e aumenta à medida em que te aproximas da "praça" principal, onde crianças brincam com recreadoras de perucas coloridas que lembram as belas replicantes do filme Blade Runer.
Finalmente, depois de conduzidos por um mar de objetos decorativos e móveis de madeira rústica, somos instalados em uma grande mesa redonda em baixo de um gaiola de arame com 4 manequins voadores. 
Com a Gisa pagando o Mico!
   O cheiro da carne assando na brasa invade os meus sentidos e quando dou por mim já estou vestido com uma faixa com as cores da Colômbia onde está escrito Que te vaya bien!
   Ao nosso lado 4 músicos atacam uma salsa de boas vindas e atiram papel colorido picado para cima que retorna sobre nossas cabeças. Depois de anunciada nossa presença, todo o restaurante aplaude.

   Pronto, está pago o mico!


 Bem, aí começa uma outra experiência incrível. 
- Hola, mi nombre es Alexandra y voy a cuidar de hustedes.
Disse a jovem universitária que ficou à nossa disposição durante todo o almoço. Os atendentes são todos estudantes universitários, alegres, simpáticos e atenciosos.

O  Cardápio 
 bem, o cardápio é outro show de cores e grafismo anárquico, inteligente e de muito bom gosto. De saladas, café da manhã, sucos, todas as bebidas do mundo, papas, arepas, mazorcas, pimientos, chorizos, ceviches, consomés, chatas, frutos do mar e finalmente as carnes!

    Descobri lá dentro um prato especial da casa: Lomo al trapo. 
   Traduzido seria Lombo no pano. Lombo de gado que aqui seria o entrecot. Falei com um assador - são vários plazas com parrillas imensas - e perguntei como era feito o tal Lomo al Trapo.
   - Dificílimo, me disse. - Veni comigo, falou e saiu em direção a outro balcão de madeira onde havia um recipiente com água e vários panos, de linho retangulares, de molho.
Pegou um deles, colocou sobre a bancada, espalhou por cima um punhado de sal fino e outro de orégano e logo colocou uma peça de lomo de umas 350gr. Enrolou a carne, fez um pacote e seguiu adiante, eu atrás, até um grande braseiro onde jogou o pacote direto em cima das brasas. Sete minutos depois virou o pacote e mais sete minutos depois retirou do braseiro.
   Bateu com a faca na trouxa e o pano se quebrou revelando uma carne assada por fora e sanguinolenta por dentro. Um sabor maravilhoso. Exótico, diferente mas próximo para um carnívoro dos pampas como eu. Um show!

Três "pacotes" de Lomo al Trapo nas brasas

   Essa foi uma das experiências mais interessantes que tive na Colômbia!

   Fora o alho!




sexta-feira, 17 de novembro de 2017

MONIZ BANDEIRA


por Emanuel Medeiros Vieira


   
Com Brizola, no exílio
Perdemos Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira.

Mais ainda: a intelectualidade internacional sofreu uma considerável perda.
   Professor universitário, cientista político pela USP (Universidade de São Paulo), historiador, e também, especialista em Política Exterior do Brasil, o pensador baiano estava radicado na Alemanha há vários anos.

   Mais que isso: lutou, em toda a sua vida, para a construção de um modelo essencialmente nacional para o nosso país.
   Sempre batalhou para que o Brasil não se apequenasse.
   Sonhava com um país altivo, desenvolvido e justo. Aspirava um país soberano, que fosse protagonista, e não mero grão de areia na imensa praia global.
   Suas obras são referências na ciência política e na sociologia, como avaliou Luiz Lasserre. Entre elas, estão “A Desordem Social (2016), A Segunda Guerra Fria (2013), “Formação do Império Americano (2005), “Lênin – Vida e Obra (1978) e “O Ano Vermelho” –a Revolução Russa e seus Reflexos no Brasil”  (1967) – as duas últimas foram relançadas neste ano em função do centenário da Revolução Russa.
   Visceral, orgânico, acreditava profundamente no que dizia em palestras e conferências e no que escrevia.
   Dizer que um pensador, acreditava profundamente no que falava e escrevia, pode parecer um lugar-comum ou até redundância, mas faço tal observação, porque muitos, no fundo, não acreditam no que dizem ou escrevem.
   “Moniz Bandeira tem um posicionamento marcante em favor da política cultural, da defesa da liberdade de expressão e da nacionalidade brasileira”, afirmou o então presidente da UBE, Joaquim Maria Botelho, quando o nome do pensador baiano foi indicado pela UBE (para concorrer ao Prêmio Nobel de Literatura) por seu “trabalho como intelectual que vem pensando o Brasil há mais de 50 anos”.


(Salvador, Bairro da Graça, novembro de 2017)

Comentário: Laércio deixou um novo comentário sobre a sua postagem.
Em 1976, eu mais o presidente do então equivalente ao DCE da UFPR, em Curitiba, fomos à reitoria comunicar que faríamos uma atividade para os estudantes no campus da Rua XV, onde ficava a sede da Reitoria. O chefe de gabinete, ao ouvir o nome do palestrante, arregalou os olhos e comentou:
- Se vocês escolherem um nome de mais respeito, uma pessoa da academia ou um político responsável, nós podemos ajudar na organização e no patrocínio, mas, para este que vocês estão escolhendo, não temos qualquer condição de aprovar, muito menos de ajudar.
 
   O nome do palestrante era Moniz Bandeira. 

Cada povo tem o escravo que merece...

Temer e Luislinda: Isonomia na escravidão
   Temer é um escravo ”Tem muita gente no Brasil que trabalha pouco, ganha muito e se aposenta cedo”, diz o comercial encomendado pelo governo para defender a reforma previdenciária.
   Josias de Souza nota o cinismo de Michel Temer, critica privilégios dos quais ele próprio é beneficiário.

“Sua reforma propõe que a idade mínima para a aposentadoria dos homens seja 65 anos. Em 1996, aos 55 anos, Temer requereu sua aposentadoria como promotor do Estado de São Paulo. Recebe há mais de 20 anos uma pensão que, hoje, soma R$ 45 mil. A cifra precisa ser rebaixada para não ultrapassar o teto do funcionalismo, regulado pelos vencimentos dos ministros do SFT: R$ 33,7 mil”.
Assim como Luislinda Valois, Michel Temer é um escravo.      (do Antagonistas)

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

PARTINDO – PARTINDO? (Pistoleiro do Entardecer)

Não é poema, é um pouco de prosa, tem de tudo – apenas um “discurso” (Despedida?)
Emanuel Medeiros Vieira

“E no meio do inverno descobri que havia um verão invencível dentro de mim”
                                           (Albert Camus)

Pipoca, pitanga, goiaba, jabuticaba, tainha, algodão-doce, o mercado da minha ilha mítica ao amanhecer, – e quem se lembra de uma fruta chamada “abricó” – ancestral (pelo menos, em relação aos condomínios que vieram depois)
Mamãe me leva – aquele domingo azul está aqui, “pula” dentro de mim – regata na Baía Sul, eu tinha sete anos, roupa de “marinheiro”
amor foi relíquia/museu privado/cheiro de mofo
cupim que nada poupa, naftalina no guarda-roupa,fugaz, finito, fragmentado, paixão  vira irmandade ou guerra civil doméstica resignação irrestrita, variado repertório – o  da morte
Não se enganem: nada de heroico ou napoleônico há na morte – frases de efeito das novelas, pensamentos melosos, nada – A morte é o Nada – dizia o Larry, agnóstico professor de Filosofia no Primeiro Ano do Curso Clássico – o cheiro é de álcool, suor, morfina, lençol com gotas de sangue – a veia, mais uma vez, está pronta para a agulha, e o soro não acaba nunca
mais  uma agulha na veia, o termômetro, o ruído da hora do almoço no e do jantar no hospital
(sempre cedo), canja – “Está na hora do remédio”, comunica a enfermeira
está na hora de tudo, no câncer, alguns remédios têm efeitos colaterais difíceis – eu já sabia disso no dia do diagnóstico (30 de dezembro de 2014): deixam a vista embaralhada, nublada – e tantos outros (evite a tentação da autopiedade, da lamúria, do vitimismo)  e, às vezes, vem uma espécie de cegueira –  voz que disse “evite”, gritou com raiva: “Para que serviu a Operação Bandeirantes (OBAN) e o Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS)?
Eu queria dizer para a voz: naquela ocasião, eu só tinha 25 anos e, no dia da descoberta do tumor no pâncreas, com metástase no fígado, em três meses, eu faria 70
Só consegui dizer para dentro: cada luto é um luto
O fim do mundo é depois de amanhã
chega um padre: “Todos os teus filhos foram batizados?”, ele pergunta
tenho dois enteados, um filho do coração e a minha filha – o do “coração” não foi
Brinco: “Ainda bem que a Santa Madre acabou com o limbo
PARA DENTRO, EU DISSE: NO AUGE DA DITADURA, EU TINHA MAIS FORÇA. Não falo só do corpo que segue a sua jornada, mas do Tempo, que desagrega e apodrece tudo. Eu estou voltando aos dias de outrora. Falo de um outro tipo de “cansaço” (desencanto, aporrinhação, tristeza?) – a fadiga de ver a ruína de um país e a decrepitude moral de tantas pessoas e – o que sonhei e não aconteceu. Não foi um “gibi”, uma festança a minha vida, na qual os velhacos e patifes são sempre punidos (antigas histórias infantis – eu sei, na vida não é assim).
Cuidado com o tom panfletário e piegas, adverte o promotor interno – Cansaço das coisas que sonhei – românticas? – e que nunca aconteceram
“Você não entendeu”, proclama uma voz que não reconheço
Esse país sempre foi de poucos proprietários.
Fiquei calado, o padre tinha outros pacientes para atender – era o capelão do hospital
O senhor brinca e está morrendo” – ele havia me dito antes da despedida
Não quer se confessar?”, havia perguntado, e eu respondi: “Passei a minha vida me confessando...” Estou morrendo.
Lembrei-me do mestre Machado de Assis, no seu romance “Quincas Borba”: “Ao vencido, ódio ou compaixão, ao vencedor, as batatas
Ao vencedor, as batatas!”, gritei
“E as cinzas do Purgatório, padre?” (recordando-me do livro de Otto Maria Carpeaux – sem “as” – “Cinzas do Purgatório”
“O senhor é um galhofeiro”, ele me diz – mas sorri
antes de ser internado, implorei à família: nada de autoajuda, nada de milagres, nada de padre roqueiro, nada de consolos vãos – queria um pároco de aldeia, simples, anônimo, quem sabe, um missionário da Amazônia, nunca um sacerdote que adorasse aparecer no “Fantástico”ou em programas de auditório, como certos padres que camuflam (pensam que enganam) a vasta vaidade.
Não quero ficar ligado só por fios ou máquina ou vegetando em uma cama (mesmo “lúcido”) – Lúcido? Desliguem tudo!!!
Desliguem tudo – deixei por escrito.
Pelos menos, perto da morte, me deixem ser plenamente sincero
Clarice, minha filha, que “trabalha” com a noção do Perdão, tem compaixão autêntica e é muito melhor do que o seu pai, pede que eu perdoe algumas pessoas antes de partir (está chegando a hora) – umas pústulas humanas, uns dejetos morais – que não perdoei
 está na hora de perdoar? Há um momento para o perdão–perdão verdadeiro, visceral, não o de “mentirinha”, hipócrita, fácil de conceder (só de “boca”)?
Torturadores? Nunca terão o meu perdão. E  nestas plagas da impunidade, eles nunca foram julgados e condenados.
Esclareço: ela não apelou para que eu perdoasse torturadores
Se houver inferno, por justiça, eles precisam estar lá. Um diabinho ri.
E o mundo que irias mudar?” Ele me olha, eu fico quieto, ele insiste:
O mundo está justo e bom como querias?” Silêncio
E porque Ele permite tanto sofrimento para ti: tortura, infecção hospitalar, câncer bravo, dores tenebrosas?
Continuo em silêncio – Nada de nada
Não me venham com a frase preferida: “O sofrimento é um mistério
O “sofrimento dói”, a dor física só humilha
Se Deus Não Estava nos campos de concentração nazistas, porque estaria preocupado em salvar um modesto ilhéu – esse pobre homem do Desterro – num hospital na primeira capital deste país de merda?  Acho que não fui feliz em escrever “merda” – iria falar “injusto”, “desigual”, “obsceno”, “calhorda”etc., mas pareceria discurso parlamentar.
Ele jogou fora o passaporte brasileiro. Sejamos sinceros: o bom Deus tinha razão
Sim: estou morrendo – Por que repetir?
A morte sempre ganha: tem mais tempo – Estou morrendo.
O Passado é um País Estrangeiro.
E uma enfermeira diz que seu horário começa às 7h00 e termina às 19h00 – e que ganha pouco.
Mesmo que esteja pensando em Bach e Mozart, não há alívio.
Lembrei-me do que dizia mamãe: “Pegue essa cruz e me segue”, repetindo Jesus.
Sim, minha mãe: eu a carreguei.
O Cristo dela não era o da prosperidade e dos enganadores, mas o da Compaixão Verdadeira, dos humilhados e ofendidos da Terra, dos “pequenos” – sempre pequenos. Papai parecia São Francisco – ele era da Ordem Terceira do amado santo. Mamãe seria a sua Clara .
O padre diz que é bom ter o consolo do Céu.
Já veio alguém de “lá” para contar?
A vida não termina aqui” – Lembro-me de novo dos meus pais
(Confesso –  sentimental que sou: queria que eles estivessem ao meu lado.)
Perdi no caminho, não só o cajado, o sapato, o cantil – e a Fé? Creio que tenho um pouco. Ou não? Ou será um álibi para suportar a dor?
E o padre vai embora – Mas em homenagem aos meus pais, antes rezamos (de mãos dadas) o Pai Nosso
Quero paz – a dor deixa-me intolerante, irritadiço.
(E havia trazido “O Barco Embriagado” e outros poemas de Arthur Rimbaud, edição caindo aos pedaços, para tentar a tradução que queria fazer desde a faculdade, e que nunca terminei  – as outras eram bem melhores.)
A pimenta não está nos olhos de muitos que dizem confortar e despejam um caminhão de lugares-comuns, quando não, hipocrisia
Mas há os autênticos – amo-os
É claro: não sei driblar a morte (ninguém sabe) – a “hora” chegará para todos
Escuto Mozart – mamãe frita uma tainha no fogão de lenha
Ouço também a “Quarta Sinfonia de Mahler” (Gustav Mahler –1860/1911) – que explode “como se a lua caísse no chão”, segundo o “mago–anjo” Mário Quintana.
Consigo sorrir. Sempre recebemos mais do que imaginávamos (na infância)

É claro que valeu a pena


(Salvador, novembro de 2017).