quinta-feira, 12 de maio de 2016

O Senado da República do Brasil

  Por Marcos Bayer

   Hoje, dia 11 de maio de 2016, assistimos pela televisão, rádio e Internet, a uma aula de democracia.
O Senado da República mostrou-se à altura do Brasil!
   Lembrou-me do S.P.Q.R. da Roma Antiga: Senatvs Popvlvsqve Romanvs.
   O Senado e o Povo de Roma.
   Importante para a educação política do povo brasileiro. Para todos nós.
   Diferente da Câmara dos Deputados, um pouco mais anárquica, o Senado Federal foi magistral. Sob as bênçãos do Papa Francisco, todos os senhores senadores falaram o que pensam da matéria em discussão: o pedido de afastamento da Presidente da República, para investigação por atos administrativos e conduta política exaustivamente discutida pela sociedade brasileira.
   Magno Malta, senador pelo Espírito Santo, pregador por opção ou vocação, foi dos mais eloquentes. Falou a linguagem popular e foi direto na veia: “o pior da mentira é a hora da verdade”.
   Foi uma Odysséia política de quase um dia inteiro. Uma espécie de “A Noite dos Tempos” de René Barjavel. Um romance contido numa ficção.
   Às 05.25h Romero Juca tratou dos sonhos, delírios e devaneios. Estados mentais comuns aos homens. Falou dos juros compostos e extorsivos, matéria levantada pelo Deputado Esperidião Amin na Câmara dos Deputados através de Decretos Legislativos. Explicou a sociedade precária entre o PMDB e o PT. Disse que na convenção partidária, uma parte de 42% de seus membros foi, como ele, contra a aliança política que levou Dilma Rousseff ao seu segundo mandato presidencial. Defendeu seu partido, comparando-o ao filme de Hollywood sobre o navio Titanic.
    “Nós não vamos deixar o navio afundar”. Afirmou o hábil líder do PMDB.
   “A lei do mar diz isso: Para evitar o naufrágio, é necessário mudar o comandante. Estamos trocando o comando para evitar o naufrágio”.
   “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”, repetindo Geraldo Vandré, cantor do sucesso no Festival de Música da TV Record.
   O placar estava em 48 votos a favor do afastamento da presidente contra 20 votos que ainda lhe davam sustentação política.
   Lobão, curto em sua expressão, lembrou que o Senado da República iria analisar os supostos crimes cometidos. As três impressões digitais a que se referiu Juca, o líder do dividido PMDB.
   Raimundo Lira, o último a falar, leu que sem entrar no mérito da questão, equilibradamente, votava contra a permanência da presidente Rousseff.
   Bom dia, finalmente, após mais de 20 horas de debates, Antonio Anastasia, o relator, rapidamente falou da natureza do processo. Em 1215, na Carta Magna inglesa, limitou-se o poder de tributar do monarca.
   Foi o impeachment norte americano, disse repetindo a ministra Carmen Lúcia do Supremo Tribunal Federal, que a instituto do impedimento é de competência do Poder Legislativo e não do Poder Judiciário. E, como estudioso que é, falou por Minas Gerais. O centro, o equilíbrio como definiu o ilustre mestre Afonso Arinos, relembrado por Aécio Neves, em sua locução prévia. Era o PSDB no palco senatorial.
   “Gente, o governo federal é o dono da Caixa Econômica Federal” relembrou Anastasia apontando a afirmação da presidente Dilma.
   Ao alvorecer, a Rede Globo informava que o placar estava 50 x 20 a favor do afastamento presidencial.
   Eloquente, o advogado geral da União, José Eduardo Cardozo, defendeu sua cliente. Brilhante lembrou a condenação de Riccardo Cucciolla Nicola Sacco e Gian Maria Bartolomeo Vanzetti e o direito de defesa condenado. Reafirmou o conceito do golpe.
   Após a leitura da carta da ausente, Renan Calheiros, como magistrado, encaminhou a votação.
   O placar eletrônico informou: 55 votos sim e 22 votos não.
   Aprovado o afastamento da Presidente do Brasil por 180 dias.


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