sexta-feira, 11 de julho de 2014

A última vez que torci pra Argentina

   Do meu amigo jornalista Jurandir Pires de Camargo, companheiro de militâncias jornalísticas e outras milongas recebo este belo texto sobre a final Argentina x Alemanha. 
   Quem tem história não se perde por aí...belo texto e bela história. 
   Ao texto adicionei este vídeo da "Marcha de Las Malvinas" que escutávamos diariamente nas rádios argentinas durante a guerra. Estávamos no Uruguay nesta época.

   
   Por Jurandir Camargo

   Lembra dessa, Canga?
   Eu não sou muito bom de torcer pra Argentina. A última vez foi em 1982, e deu no que deu. Naquele ano, a disputa era com a esquadra da Inglaterra, um time tão ou mais preparado que os alemães de hoje. O técnico hermano era o Leopoldo, o Galtieri, aquele que só tinha uma estratégia: encher a cara e mandar atacar. Na verdade, o cara só jogou bola nas costas da torcida argentina.
   Andava ali pela fronteira Artigas/Quarai/Libres/Uruguaiana com o Canga, o jornalista Sérgio Rubim, e foi inevitável entrar no clima da Guerra das Malvinas. Nós torcíamos ouvindo as transmissões da Rádio Belgrano, de Buenos Aires. A cada “comunicado de las fuerzas conjuntas” era um grito de gol: o time argentino estava vencendo de goleada.
   Quando o Sheffield, aquele contra-torpedeiro inglês, levou um tranco da defesa argentina e foi posto a pique, como se tivesse tomado uma botinada do Mascherano achamos que a Copa, aliás a Guerra, estava ganha.
   Puro engano. A esquadra argentina caiu antes das oitavas-de-final. Foi uma humilhação igual ou pior que os 7 a 1 que tomamos dos alemães. Os ingleses não só ganharam no jogo como ficaram donos do campo e da bola. As Malvinas viraram Falklands.
   E o pior: quando os pibes argentinos voltaram pra casa, derrotados, foram recebidos a pedradas.
   Então, pensando no que pode acontecer com os jogadores hermanos se a seleção argentina perder o jogo no domingo, decidi: vou torcer pra Alemanha mas quero que a Argentina ganhe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário