segunda-feira, 19 de maio de 2014

Tudo como dantes no quartel de Abrantes


   Por Armando José d’Acampora *

   É iniciado o tempo das verdades políticas emanadas pelos políticos nos programas partidários e repetidos pela mídia televisiva. É a época em que todos os políticos estão ao lado do povo, com o povo e pelo povo. Na realidade, o que temos é exatamente o que os romanos possuíam: pão e circo.

   É uma época em que todos os políticos estabelecidos, deputados, governador, deputados federais e senadores, esmiúçam as falhas da atual política estadual e federal, e que na próxima legislatura resolverão todos esses problemas que agora apontam, como se não fizessem parte deste mesmo e atual cenário com o qual tanto estamos insatisfeitos.

   Também se fartam de apontar o que realizaram em obras durante o presente mandato, mas o que mais me impressiona, é a cara de pau de todos esses que foram eleitos no último pleito. São capazes de afirmar que uma mesma obra, possa ter várias, múltiplas autorias. Uma vez é de autoria única de um deputado estadual, depois de um federal, mais tarde do governador e por derradeiro de um senador. Não estamos falando do Governo Federal, que é o dono da chave do Tesouro, de onde sai o dinheiro arrecadado sob duras penas do povo. É óbvio que todos estão concorrendo a renovação do mandato, pois até então estavam em um silêncio sepulcral. Pois olha, esqueci de falar que o governo federal também se diz que é o autor da mesma obra, já que é de lá que vem o dinheiro dos nossos impostos redistribuídos através de emendas. Como quem paga é quem manda, chegamos ao final da fábula, e continuamos sem saber quem é verdadeiramente o pai da criança, mas sabemos perfeitamente que fomos nós que pagamos através dos absurdos impostos que arduamente recolhemos em cada compra que fazemos e ainda temos um imposto a mais, que é o leão, nada mais que a receita federal e que a após a soma de todos os impostos que recolhemos, descobrimos que um nos consome somente sobre o salário e não sobre renda. No final das contas, são só um pouquinho mais que três meses ao ano do nosso trabalho convertidos em impostos. Uma micharia para promover o bem estar de uns poucos que se apropriaram do poder central.

   Bem. Se permaneceram durante quatro anos e os senadores por oito anos na legislatura, porque não mudaram esse panorama do que agora consideram como falhas?
   O que faltou para consertar estes mesmos erros que agora eles mesmos apontam?
   Faltou tempo? Quatro anos é muito tempo, oito então, nem pensar.
   Os problemas são crônicos, e os que são apontados, são sempre os mesmos: Educação, Saúde, Segurança e infraestrutura, obrigações constitucionais dos governantes.

   A nossa educação é pobre, a saúde sofrível, a segurança simplesmente não existe e em que estado estão as nossas belas rodovias entregues a iniciativa privada? Sem falar nas ferrovias, que ainda estão no âmbito da promessa, e as que existem não possuem a mesma bitola, portanto uma não pode se continuar a outra. Gostaria de saber, e que alguém me responda, qual obra foi iniciada e inaugurada nos últimos 12 anos, com ou sem o tal de PAC. É claro que não valem os estádios de futebol.

   O que mais se vê em todo o país, é deseducação, insegurança e falta de atendimento à saúde. Quanto a infraestrutura, nem se fala.
   Se formos abordar o que é governo e o que é oposição, a coisa piora. Não se sabe quem é quem.
   A política hoje é do troca troca. Toma lá, dá cá. Eu ganho um cargo e voto contigo. Se não tiver o cargo ou a indicação aceita para tal, eu voto contra.

   Eu vivi uma época onde haviam partidos com ideologia própria, UDN,PTB e PSD dentre outros, e que jamais frequentaram o mesmo restaurante. Nem cafezinho tomavam no mesmo ambiente. Aquele é de um e este é do outro, tal a via política, a ideologia que hoje não identificamos em nada nem em ninguém, mas que era perfeitamente identificada em cada integrante dos antigos partidos.

   Quando alguém era contra alguém, havia consistência em ser contrário, havia um contra pela ideologia e não por ser simplesmente contra, por não ter moeda de troca.

   O voto era ideológico e não contrário pelo simples fato de ser contra.

   Hoje o que vemos na maioria dos políticos, é o comportamento similar a um bando de carneiros sem ideologia, sem política, indo de encontro somente aos seus interesses pessoais, ao poder, com alguns poucos que batalham em favor da população, do seu bem estar e das conquistas que realmente beneficiam o povo.

   É uma pena.

   Um país tão rico e com políticos tão pobres.

   Pense quando for a urna depositar seu voto. É ele que reelege estes políticos. É ele que mantém as mordomias de que tanto reclamamos.

   Depois não culpem os políticos pelos atrasos deste país, pois foram eles que nós mesmos elegemos.

*Médico, Cirurgião, Professor Universitário

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