sexta-feira, 26 de julho de 2013

OS PAPAS TAMBÉM SOFREM


   Por Jaison Barreto
   Através dos séculos, a Igreja tem sabido sobreviver, resistir, se renovar às extraordinárias mudanças sofridas pela humanidade, mesmo tentando manter seus dogmas, seus princípios.   Impossível deixar de reconhecer a surpreendente escolha do Papa argentino Francisco.
   Sem pretender repetir o lugar comum de que “o discurso faz o homem”, o Papa Francisco renova, regenera, recupera, revitaliza, não só com o seu discurso, mas também com a sua prática, uma Igreja que pretende se perpetuar.
   Argentino, acostumado com os discursos da Cristina Kirchner, do nosso Presidente, Presidento Lula, do falecido Chávez, no momento da realização da Jornada Mundial da Juventude, talvez esperasse um melhor nível no discurso, que expressasse, espelhasse novas ideias e novas posturas dos dirigentes sul-americanos.
   Sorte teve em não ter que ouvir o discurso do Maduro e do Evo Morales.
   Fácil imaginar sua surpresa com o discurso primário da nossa Presidente, Presidenta Dilma, falando para a juventude do mundo inteiro, nessa Jornada Mundial.
   Teve que ouvir, de quem deveria representar também a intelectualidade desse imenso Brasil, ainda mais com o seu DNA, um nominar de atitudes comuns, obvias, que nada acrescentaram às necessidades de um mundo cada vez mais desafiador.
   A esquerda ficou burra?
   Com todo respeito, preocupado em não parecer preconceituoso, não podemos ficar sempre elogiando e fazendo apologia à mediocridade.
   Talvez seja por isso, que mesmo correndo o risco de fugir ao costumeiro, neste momento de espiritualidade, mesmo sem lembrar Pablo Neruda, marxista, poeta, Saramargo, Leonardo Boff, Chico Buarque, estou dando uma pausa, para os poemas e poesias do Craveirinha, do revolucionário uruguaio Mário Benedetti e prosseguindo com o meu companheiro, já falecido, do “Grupo dos Autênticos do MDB”, J.G. de Araújo Jorge, com seus contos de amor à vida.
   Até Che Guevara disse que “não se deve perder nunca a ternura”.
   É apenas temporário.
   Saudações democráticas,

NÃO TE RENDAS
Mario Benedetti

Não te rendas, ainda é tempo
De se ter objetivos e começar de novo,
Aceitar tuas sombras,
Enterrar teus medos

Soltar o lastro,
Retomar o vôo.

Não te rendas que a vida é isso,
Continuar a viagem,
Perseguir teus sonhos,
Destravar o tempo,
Correr os escombros
E destapar o céu.

Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio queime,
Ainda que o medo morda,
Ainda que o sol se esconda,
E o vento se cale,
Ainda existe fogo na tua alma.
Ainda existe vida nos teus sonhos.
Porque a vida é tua e teu também o desejo
Porque o tens querido e porque eu te quero
Porque existe o vinho e o amor, é certo.
Porque não existem feridas que o tempo não cure.
Abrir as portas,
Tirar as trancas,
Abandonar as muralhas que te protegeram,

Viver a vida e aceitar o desafio,
Recuperar o sorriso,
Ensaiar um canto,
Baixar a guarda e estender as mãos
Abrir as asas
E tentar de novo
Celebrar a vida e se apossar dos céus.

Não te rendas, por favor, não cedas,
Ainda que o frio te queime,
Ainda que o medo te morda,
Ainda que o sol ponha e se cale o vento,
Ainda existe fogo na tua alma,
Ainda existe vida nos teus sonhos
Porque cada dia é um novo começo,
Porque esta é a hora e o melhor momento
Porque não estás sozinho, porque eu te amo.

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