terça-feira, 7 de maio de 2013

Bar será sempre melhor que altar


   Por Janer Cristaldo

   Há muito tempo as salas de cinema vêm fechando suas portas no Brasil – e suponho que em boa parte do mundo – para desespero dos exibidores. Entre nós, as causas são muitas, entre elas a insegurança das ruas e os flanelinhas, que tornam desconfortável e mesmo perigoso o que um dia foi lazer dos bons. Mas há um outro fator que os analistas do fenômeno tendem a deixar de lado, os DVDs e as telas de 50, 60 ou mais polegadas. Se posso assistir a um filme no conforto de minha casa, para que ir ao cinema?

   Desde há muito defendo a idéia de que é muito melhor assistir a uma ópera no conforto da própria casa que numa sala solene. É que a sala abriga duas, três ou quatro mil pessoas, e naturalmente a maior parte dos espectadores ficará longe da cena. Mesmo os que estão perto não ficam muito perto. O DVD me traz gestos, sorrisos, detalhes do rosto dos cantores, dos instrumentos, que passam despercebidos numa sala. Os personagens parecem estar cantando exclusivamente para mim. Mais ainda: findo o espetáculo, o encanto dissipou-se no ar. Resta só na memória. Com o DVD, posso repassar a qualquer hora – seja para mim, seja para amigos – os momentos que mais me cativaram.

   Se quero rever a ópera, basta sentar de novo no sofá, sem ter de esperar pela próxima apresentação. Já vi mais encenações de Mozart do que o próprio teve chance de ver. Posso também acompanhá-la degustando um bom vinho. Vinho sempre combinou com ópera. Adoro brindar com Don Giovanni, na hora em que Leporello lhe serve um “eccellente Marsimino!” Há anos, um bom amigo, conhecedor de meus vícios, trouxe-me da Itália um vero Marsimino, para erguer a taça junto com Don Giovanni. Foi um dos mais sensíveis regalos que já recebi.
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