quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Spinoza, o espírito e o homem...

    Por Marcos Bayer

    A ordem de entrada não deveria ser esta, afinal Spinoza viria depois do espírito e do homem. Mas, como a referência é ele, entra em primeiro lugar. Genial pensador de origem familiar cantábrica, da cidade de Spinoza, na cordilheira norte da Espanha, que passou por Portugal, pela França e alojou-se em Amsterdã, então centro cultural europeu. Incompreensões religiosas motivaram a caminhada desta família de judeus, que atravessou geograficamente o catolicismo e dele foi banido, para numa Holanda em franca expansão comercial, poder nascer Baruch Spinoza (1632-1677), brilhante aluno de uma escola revolucionária para sua época, a Árvore da Vida.

    Cabe lembrar que à época havia uma luta religiosa na Europa onde o embate envolvia o catolicismo e seus reformadores Lutero e Calvino já manifestados, um século antes, com judaísmo e outras religiões conhecidas pelos estudiosos e navegantes. Inclusive a bruxaria. De qualquer forma, hoje, acredito a profusão delas á ainda maior. Desde aquelas do Oriente milenar até as que estão nos canais de televisão das madrugas pagãs.

    Quando os primatas, suponho, perceberam seus medos em relação ao desconhecido, à dor, à morte e aos resultados objetivos do amanhã, devem ter iniciado a conversa com os espíritos.

    De onde eles tiraram esta ideia não sabemos, mas tudo começou por lá. Nos ventos, no sol, nas estrelas e na escuridão, encontraram entidades extra-humanas, e então, começou este infindável diálogo que acompanha a humanidade.

    Diante da impossibilidade de saber como é do outro lado, supondo que haja outro lado, Spinoza conseguiu resumir a longa discussão existencial como simples palavras: Deus e Natureza eram dois nomes para a mesma realidade, a saber, a única substância em que consiste o universo e do qual todas as entidades menores constituem modalidades ou modificações. E que pensamento e matéria são apenas dois atributos conhecidos por nós, dentre infinitos outros.

    Portanto, qualquer hipótese, além disto, é especulação, por enquanto. Ou fé.

    E aí cabe uma pergunta que a ciência poderá responder: A menor partícula da matéria, a mais profunda cisão do átomo, tenha o nome que tiver, poderá ser a primeira parte do pensamento?

    O que é um megabyte?

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