quarta-feira, 20 de julho de 2011

Os Estados Unidos da América: A riqueza e a crise

Por Marcos Bayer
    A sociedade americana, jovem em relação às sociedades europeias ou asiáticas, foi capaz de estruturar, expandir e impor a prática capitalista no mundo. Teve ajuda dos ingleses na utilização das primeiras máquinas, dos judeus no fluxo de capitais e de inteligências alemães, entre outras origens, para se constituir como império mundial no pós-guerra, em 1945, depois da explosão atômica em Nagasaki e Hiroshima, amostras de poder. Da Pax Romana até a Pax Americana, apenas dois mil anos.

    O PIB mundial gira em torno de 62 trilhões de dólares. Os EEUU contribuem com aproximadamente 25% dele, ou seja, U$ 14,6 trilhões. Esta máquina capitalista deve a si mesma, hoje, uma quantia equivalente à sua produção anual. Até o próximo dia 02 de Agosto, o congresso americano, o mais rigoroso do regime presidencialista na história moderna, terá que elevar o teto de endividamento do país para torná-lo contabilmente viável.

    Desemprego, preços dos imóveis em baixa, juros negativos e desvalorização do dólar para provocar aumento nas exportações. Na outra ponta, a China produzindo tudo e recebendo empresas americanas interessadas na mão de obra mais barata e paciente do planeta. Os economistas devem chamar este fenômeno de deslocamento de capital em busca de oportunidades. O capital não tem pátria. Talvez tivesse em Roma, onde a terra e o ouro tinham grande valor.

    O que nós estamos assistindo é uma mudança radical no sistema produtivo mundial.

    O capital está se diluindo, se despersonalizando. A riqueza não é mais física: Ouro, terras e alimentos. Por outro lado, em razão do aumento populacional global; a mesma terra, a água e os alimentos têm importância mais estratégica do que nunca.

    A China está comprando a África, em suaves parcelas, para montar suas fábricas e usar os recursos naturais disponíveis na produção.

    Quando os bancos surgiram no inicio do século XVII, a mesma carroça carregada de ouro passava pelos diversos feudos, para garantir a emissão de moeda. Era o lastro de então. Quando descobriram, os portadores das cédulas correram para resgatá-las e entenderam que só tinham um pedaço de papel nas mãos. Foi a primeira quebradeira na Europa de 1608.

    Hoje, completamente interligados e interdependentes, em escala global, não podemos dimensionar as consequências de uma quebradeira geral.

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