sábado, 25 de dezembro de 2010

SÓ ACONTECE COMIGO

Por Olsen Jr.
 
Em 1938 o escritor Jean-Paul Sartre publicou o romance “A Náusea” que tinha o título original de “Melancolia”, mas que o editor resolveu mudar... Nele, o personagem Antoine Roquentin busca um sentido para a existência. Obra de gênio. O protagonista se sente um “nada”, de nada para nada, gratuito. Percebe que tudo no mundo é “gratuito”, não precisava “existir”... Não vou contar o livro... Li tudo umas dez vezes já... A impressão que tenho, é a de me sentir no fundo de um poço, dali não se pode passar, portanto, o melhor é sair logo, enquanto isso dói bastante... A consciência dói...
Mais tarde, em uma entrevista, afirma que “Enquanto houver uma criança no mundo passando fome, aquele livro não fazia o menor sentido”... Um blefe, claro. O livro existe independente de quem passe fome aqui ou ali. Mas qual era a ideia? Well penso o mundo está “explodindo” e um cidadão se dá ao luxo de escrever um livro cujo mote é alguém buscando um sentido para a existência, burguesamente o cara busca um “sentido para a existência”, se dá ao luxo até de ser um solitário... Porque não existe nada mais ”burguês” do que o sujeito “escolher” a solidão como companheira...
Estou pensando nisso, agora neste Natal de 2010. Francamente, não me empolgo mais. Observo as pessoas correndo, correndo mesmo, como se houvesse uma grande urgência para se comprar determinados produtos ou fazer algumas “coisas” que não foram feita antes, mas precisam ser “ultimadas” nesse final de ano, é muito triste.
Ontem, fui almoçar com um amigo, na saída do restaurante, um calor desgraçado, nós caminhávamos lentamente, tudo parecia conspirar para dilapidar a energia, um desassossego violento, e passa por nós, na calçada, uma senhora com pacotes e uma garrafa térmica, ela passou entre eu e o meu colega, ofegante, mas rápida, digo espontaneamente “minha senhora, não importa aonde a senhora vá, ou o que vá fazer essa pressa não vai adiantar absolutamente nada, entendeu, nada”... Ela passou, fez de conta que não ouviu, foi até onde tinha de ir, e chegando lá, sentindo-se “segura”, voltou-se e com um olhar que deveria ter “carbonizado” qualquer mortal, me fulminou...
Feia como era não tinha percebido já que a minha observação a pegou pelas costas, com um nariz adunco, tive a certeza naquele momento que a Madame Mim existia, as bruxas não são coisas de revistas em quadrinhos, elas existem mesmo.
E depois, o que foi constatado lá no “São Lucas”, um lugar que deveria abrigar menores infratores... Parecia uma masmorra de algum castelo medieval, um porão com fios elétricos desencapados, alternativa para infligir dor em alguém, o que foi aquilo que a promotoria pública tornou público? Palavra de escoteiro, o que era aquilo?
E você me vem falar em Natal?

Querido amigo Viking,
Me parece que a serotonina que está faltando aí está sobrando aqui pelo Campeche. Te mando umas garrafas logo. Lendo esta tua crônica me dei conta de uma coisa. Eu, que sempre fui de contestar tudo, valores morais, materiais, reliogiosos e ideológicos, nunca politizei o Natal.
Lembro de que em algumas festas pensei nos pobres, porém dentro daquela visão católica tipo: "...pobrezinho nasceu em Belém". Ficava meio melancólico mas não me passava pela cabeça que a culpa daquela tristeza era do Natal.
Bem, chega de caraminholas e vamos ao que interessa: não posso me dar o luxo de "escolher a solidão como companheira". Nem de burguesamente, nesta quadra da vida, buscar o sentido de minha existência. A minha existência já é existida. Vivida. E sempre que penso na existência me vem imagens da vida vivida, maravilhosa e cheia de amigos como Tu, que me fazem felizes. 

Obs: Se as garrafas de serotonina que te mando não surtirem efeito, tenta umas ritalinas, desbutal, dexosin ou qualquer das anfetaminas D...eheheheheh

Olsen Jr. deixou um novo comentário sobre a sua postagem "SÓ ACONTECE COMIGO": Sérgio, meu caro, salve!
Bonito o que você falou... Cada um cada um...
Desconheço todos os medicamentos mencionados no teu texto...
Prefiro um espumante... Só...
Hei! Estou acompanhando a tua felicidade...
Um abração nórdico!
Olsen Jr. 

Um comentário:

  1. Sérgio, meu caro, salve!

    Bonito o que você falou... Cada um cada um...

    Desconheço todos os medicamentos mencionados no teu texto...

    Prefiro um espumante... Só...

    Hei! Estou acompanhando a tua felicidade...

    Um abração nórdico!

    Olsen Jr.

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