segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Livro secreto conta a luta armada no Brasil

Agência Amazônia obtém cópia de obra reservada sobre a ação das esquerdas

CHICO ARAÚJO
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BRASÍLIA – A Agência Amazônia obteve uma cópia de um livro sigiloso – batizado de Projeto Orvil (palavra Livro escrita ao contrário) – produzido pelas Forças Armadas sobre a luta armada no Brasil. São 953 páginas e 1,7 mil pessoas citadas. Ao final desta página, o leitor poderá ler e baixar a íntegra do livro (em formato pdf).

A obra – nunca publicada – contém relatos, documentos, fotografias e depoimentos que detalham o movimento de esquerda no País durante o regime militar (1964-1985). São histórias de assassinatos, assaltos e seqüestros, entre outras atrocidades praticadas durante esse período, e que são contadas em minúcias pelos serviços secretos brasileiros. Ministros do governo Lula são citados no livro.

Escrito a pedido do general Leônidas Pires Gonçalves, ministro do Exército no governo Sarney, o livro foi engavetado em 1988. A idéia dos militares era usar o livro quando necessário. "Eu disse ao (José) Sarney: 'Eu fiz esse livro. É uma arma que eu tenho na mão'.", disse recentemente Leônidas ao Correio Braziliense.

Na entrevista, o general conta que, na condição de ministro do Exército, se reuniu com o presidente da República para discutir o que fazer com a versão oficial dos militares para a luta armada que o serviço secreto do Exército acabara de concluir. "Falei para o Sarney que não ia publicar o livro. Para que criar um problema que não existe?", recorda Leônidas. "Esse livro", concluiu o general na conversa com o presidente, "fica como um documento, que nós (militares) podemos ter a necessidade (de divulgar) no futuro." De acordo com Leônidas, Sarney concordou e ambos deram o caso por encerrado.

Por se tratar de um documento histórico, a Agência Amazônia decidiu publicar o texto do Projeto Orvil na íntegra. E qual o sentido a divulgação? Para que as gerações atuais e futuras conheçam mais a fundo alguns ricos detalhes da história recente do Brasil.

Cronologia do projeto Orvil

1985
José Sarney toma posse na Presidência, pondo fim a 21 anos de ditadura militar. No mesmo ano, a Arquidiocese de São Paulo lança o livro Brasil: nunca mais, com relatos de tortura e assassinato de presos políticos ocorridos durante o regime militar.

1986
Para responder ao Brasil: nunca mais, o ministro Leônidas Pires (Exército) manda o serviço secreto da Força produzir um livro com a versão dos militares para a luta armada. Inicia-se assim o Projeto Orvil (a palavra livro ao contrário).

1988
O livro do Exército fica pronto e é batizado com o título As tentativas de tomada do poder. Leônidas (foto), contudo, volta atrás e decide não publicá-lo. O documento então passa a circular entre militares da reserva rebatizado de Livro negro do terrorismo no Brasil.

2000
Integrantes do grupo de extrema direita Terrorismo Nunca Mais (Ternuma), que reúne militares e civis, têm acesso ao livro e colocam na internet cerca de 40 páginas da obra. Não informam, porém, a origem dos textos.

Leia o livro na íntegra. Clique aqui


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