sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Ponto de Inflexão e Temeridades Econômicas

brasil no ponto de inflexão...
 por Eduardo Guerini

Atento às propostas de reformas
estruturais do Governo Temer,
na espiral de cinismo das elites
 no ataqueaos direitos sociais
e trabalhistas.
 
   No jargão popular diz-se que o ponto de inflexão é o momento que se inverte o sentido das coisas. Na conjuntura política, os brasileiros foram as ruas desde junho de 2013, lutando por melhoria nas condições dos serviços públicos ofertados, principalmente nas áreas da saúde, educação, segurança e saneamento básico. Na memória de todos ficou a frase “não é só R$0,20”, “queremos serviços padrão FIFA”, e, substancialmente se descortinou o “maior escândalo de corrupção” com a “Operação Lava Jato”. O brasileiro médio foi surpreendido por escandalosas e rumorosas transações entre o setor público e setor privado.
   Daí, a inflexão das demandas sociais, com os panelaços e multidões nas ruas avalizando as bandeiras de “combate à corrupção”, condenação irrestrita aos envolvidos, e, finalmente, o impedimento de Dilma Rousseff. O resultado concretizou-se com sucessivas tensões políticas e econômicas na condução de um errático governo de transição sob a batuta do PMDB, com Michel Temer na Presidência da República.
   Na transitória condição de Presidente da República combalida pela crise econômica que se aprofundava, o descrédito dos setores sociais com a classe política, pessimismo nas expectativas com relação ao futuro do Brasil, sua posse tinha como objetivo resgatar a credibilidade política e otimismo econômico.
   Comumente, as promessas de transição são toleráveis, tal como de um Presidente eleito, com uma carência típica de governantes eleitos, ou seja, no mínimo seis meses para que a nova ordem seja restabelecida, e, suas ações políticas repercutam na economia e nas instituições. O que se vê na atualidade é uma degeneração rápida conjugada com a degradação ética deste governo interino.
   No contexto da articulação política, a aliança PT-PMDB se desfez pelo rompimento do apoio passivo de parte do PMDB, e, nova aglutinação de forças em torno da conjuração das forças opositoras, consagrando a coligação PMDB-PSDB, com partidos políticos satélites, tais como, PP-PSD-PR-PPS-PSB, as maiores siglas atuaram como pilares para uma nova agenda na política e economia nacional, com vistas a superação da crise, reversão da expectativa negativa e retomada do crescimento. A utópica construção política ventilada pelas novas forças governistas (sic) era construir uma “ponte para o futuro” com resultados positivos na economia no final de 2016, e, novo ciclo em 2017.
   Diz-se que governos devem atuar sempre norteando as ações de seus governados, a agenda proposta por Michel Temer e Henrique Meirelles, indicava o combate a crise fiscal, com ajuste estrutural das contas públicas, tornando mais transparente as contas públicas, demonstrando as necessidades fiscais do Estado brasileiro, sem, contudo,  usar a velha fórmula aumentar impostos. O que se desvelou, um colapso fiscal que se espraia do Governo Federal aos governos municipais.
   No que tange às políticas sociais, o governo federal retomou a agenda conservadora de reformas estruturais revigorando o discurso neoliberal, fruto do grave desarranjo nas contas públicas e deterioração do “estado de expectativas” do mercado e empresariado nacional e internacional.  Não se trata de melhorar a gestão pública (e o governo), mas reduzir seus custos, reconfigurando suas operações orientadas pelo mercado.
   As circunstanciais debilidades do Governo em transição, sob a batuta de Michel Temer, ao lado de um cansaço social, fruto de inúmeras e difusas manifestações, pretendia aumentar a capacidade de gestão do Estado brasileiro, aumento sua legitimidade governamental junto ao empresariado, trabalhadores e sociedade em geral.
   Porém, as previsões sombrias e lúgubres de contração do PIB, desemprego resiliente e queda das expectativas com pessimismo generalizado entre empresários, consumidores e agentes econômicos, potencializa a sanha conservadora, acelerando a agenda de reformas estruturais. A temeridade com o previsível se concretizou na PEC do Teto de Gastos por 20 anos, Reforma da Previdência com contribuição e idade mínima, e, corte nos gastos sociais em todos os níveis.
   Se a história se repete como farsa, no caso do lulopetismo e suas escaramuças e desvios éticos culminando na queda de Dilma Rousseff, a tragédia  se concretiza  no Governo Michel Temer,  resultando na supressão de direitos sociais e trabalhistas, e, por assim dizer,  o futuro de uma geração que sofrerá as agruras das duras reformas estruturais.
   Se relembrarmos as primeiras manifestações de junho de 2013, um cidadão incauto e desavisado ficaria ruborizado diante da ingenuidade dos vinte centavos!!!
   A temeridade econômica, perversidade social e falta de sensibilidade política do atual governo, continua  produzindo desalento conjuntural com desarranjo estrutural somado a mediocridade da representação política. Um cenário fatídico sem precedentes para republiqueta!!!

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