segunda-feira, 18 de abril de 2016

O Brasil mostra a sua cara...e não é bonita!


Por Sergio Rubim
  
 Durante 9 horas, no dia de ontem 17/04/2016, assistimos o Brasil expor as suas misérias nos discursos dos legítimos representantes do povo brasileiro.

   Na votação para a aceitabilidade de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, os deputados federais transformaram a Câmara dos Deputados num verdadeiro circo dos horrores...tupiniquim.

   A mediocridade dos discursos, dos gritos, dos exageros, das louvações às famílias, times de futebol, aos seus currais eleitorais, a Deus, a Brizola, aos seus filhos e, até netos que estão para nascer, mostraram o nível pequeno dos nossos representantes.

   Mas esse é o Brasil! Ali está representado o povo brasileiro! A Câmara dos Deputados é uma rapsódia desta grande colcha de retalhos. Essa colagem cultural desenhou um monstrengo disforme, sem cultura, sem educação sem esperança.

   Ali, durante aquelas horas intermináveis, todos os tipos de brasileiros estiveram presentes. Na Câmara temos essa variedade de gente. Tem preto, branco, mentiroso, viado, golpista, defensor de torturadores, democratas, prostitutos, pseudo esquerdistas, palhaços, ignorantes, espertos, enfim... ali só não tem bobo! Personagens compráveis e vendíveis!

   Independente das verdades reveladas em rede nacional de TV, em horário nobre, ali se viu a democracia em ação. Todos disseram o que quiseram e criticaram como e quem quiseram. Gritaram, se esganiçaram e votaram contra e a favor em um processo autorizado pelo Supremo Tribunal Federal, pela lei 1079/50 (crime de responsabilidade) respaldado pela Constituição Brasileira. Tiveram até a liberdade de contestar a legalidade do processo dizendo ser golpe.

   Apesar do horror que assistimos, acho que o saldo é positivo. Praticar democracia amadurece o povo e o país, independente do resultado político.

   Em todo esse processo político que se desenvolveu nos últimos meses, acredito que a sociedade brasileira amargará apenas um efeito colateral: as inimizades consequentes do embate com ódio, da política feita com o fígado como se viu, mais nas redes sociais e menos nas ruas. 
 
   Muitas das pessoas que se engajaram no processo político, desde as mobilizações de rua até o uso das redes sociais para defender o seus pontos de vista, confundiram adversário político com inimigo pessoal. Ao deixar a emoção se sobrepor à razão e ao pensamento científico, dividiram maniqueistamente as torcidas: quem defendesse o impeachment da presidente Dilma era fascista, defensor de torturador e a favor de golpe militar. Já os que defendiam Dilma, eram defensores de ladrões, corruptos, comunistas. 

   Resumir uma mobilização política de dimensões gigantescas - em um país continental com uma cultura política bastante sortida - à uma simples disputa entre esquerda e direita é mais um reflexo da nossa falta de conhecimento e ignorância política. Mas acredito que - pela nossa "natureza" - se restou alguma sequela entre amigos e colegas, o tempo se encarregará de corrigir.  

   Penso ainda que essas mazelas sejam fruto de apenas uma coisa: falta de educação do brasileiro.
   
   Desde que me conheço por gente, ouço políticos prometerem resolver os problemas de saúde e educação do Brasil. Na prática, apenas Brizola - tão citado ontem - investiu na Educação. Entre 1959 e 1963, governador do RS, construiu 5.902 escolas primárias, 278 escolas técnicas e 131 ginásios contratando, como dizia meu pai, "de uma só canetada", 42 mil professores.

   Ontem o Brasil mostrou a sua cara. Podemos não achar bonita, coisa de vergonha alheia, mas é o que temos para o momento!


 

Nenhum comentário:

Postar um comentário