sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O estado geral das coisas em Santa Catarina


   Por Marcos Bayer

   Dito foi, tempo faz, que Santa Catarina caminha por suas próprias pernas e que bem governá-la é apenas um exercício de talentos e inspirações. O governo não pode atrapalhar sua magnífica capacidade de expansão, sua criatividade, sua sinergia...
   Deve apenas apoiar, corrigir desvios e oferecer a infra-estrutura intrínseca ao dever de governar.
   Desde 2003, no entanto, visões míopes e infelizes mandatários corromperam o processo político de tal forma que a recuperação custará esforço redobrado. O Estado passou a ser organizado para beneficiar determinadas classes, com salários e vantagens, colocando professores, bombeiros e médicos no extremo oposto da serventia pública.    Este doce veneno que desequilibra salários e funções, cria castas arrogantes e improdutivas ao desenvolvimento do povo catarinense.
   Há um conluio tão bem forjado que os partidos políticos pensam numa aglutinação totalitária para disputar as eleições deste ano contra o povo.
   O PMDB, o PSD, o PT e o PP se espremem no famoso “três em um” tentando acomodar quatro aspirações em três cargos.
   Isto é tão nefasto ao processo democrático que o próprio PMDB, carro chefe desta estapafúrdia engrenagem, começa a tomar consciência do logro proposto.
   Esta convivência compartilhada sem a vigilância própria da oposição política permite pequenos negócios entre famílias até grandes desfalques em terra, mar e ar. Estradas, pontes e helicópteros para exemplificar.
   O prazer passageiro do automóvel novo e da janela emoldurada pelo alumínio escovado dá aos velhos um sentimento de conforto e aos novos a dúvida da retidão do caráter. Dúvida perigosa a todas as tribos ao longo da História.
   A imprensa mais exposta noticia que não há crise em Santa Catarina, mas um surto de desenvolvimento com safras imensas, empresas novas e outros recordes.
   O mesmo jornal, no mesmo dia, dá conta do prejuízo aos avicultores do Oeste que perdem até 30 mil aves por semana em razão das quedas no fornecimento da energia elétrica.
   Há uma esquizofrenia administrativa onde a propaganda oficial e regiamente paga mostra o governador vaqueiro pescando trutas negras em suas Coxilhas Ricas. Quando vaqueiros trocam seus cavalos pelas trutas negras (black bass), Hollywood muda seus paradigmas.
   É um governo que reforma escolas por determinação do Ministério Público e as anuncia como se fossem capricho conceitual.
   Não me peçam provas que estão nos processos judiciais e administrativos. Não me peçam fotos de encontros não havidos no exterior. Não me peçam senão o comprometimento da palavra escrita e publicada, mais eficaz do que os sussurros íntimos cambiáveis a cada momento oportuno.
   Este é o quadro em que nos movimentamos.
   A Política não se organiza em torno do sublime, mas do possível.
   E queiramos ou não, neste momento, só um cidadão é capaz de mudar os rumos da História de Santa Catarina.
   Duas vezes prefeito, duas vezes governador, senador da República, deputado federal e candidato à Presidência do Brasil.
   Ele reúne qualidades intelectuais e administrativas. Possui disposição física e vontade psíquica, autoridade política e moral para organizar um movimento de transformação em nossa sociedade.
   Se olharmos para a questão das águas, doces ou salgadas, vemos os mananciais desprotegidos, as nascentes descuidadas, a mata ciliar danificada, rios poluídos desaguando esgoto não tratado em nossas praias. Só este aspecto é digno de uma restauração sem precedentes, pois coloca nosso futuro comum em jogo.
   Para obter êxito qualquer processo necessita de um conjunto de forças capaz de mobilizar a sociedade, convencer desavisados e entusiasmar a maioria.
   Pode o PP encabeçar o movimento, cabe ao PSB apresentar seu vice-governador e ao PSDB, finalmente, entender sua importância política nesta fase e demonstrar grandeza ao oferecer um nome ao Senado da República.
   Ou conseguimos um entendimento entre os homens interessados no futuro de Santa Catarina ou navegaremos em águas fétidas, mais uma vez.
   Afastando aspectos periféricos de nossas personalidades, agradáveis ou não, vamos ao cerne de nossos homens públicos e lá encontraremos as soluções.
   Não há outro caminho, senão a mudança competente daqueles que quando perdem voltam à Universidade para estudar, aprender e ensinar.
   Coisa que muitos outros não fazem nem antes e nem depois das derrotas eleitorais. E de analfabetos políticos monossilábicos não precisamos mais...

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