sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Superexposição Midiática e Cinismo Em Espiral

   Por Eduardo Guerini

   A campanha eleitoral de 2014 está sendo desenhada nas pranchetas dos marqueteiros. Em cada nova pesquisa de intenção de voto, em que pese a distância da campanha efetiva e do pleito que ocorrerá somente no segundo semestre do próximo ano, analistas de ocasião apresentam uma conclusão que não parece óbvia para a percepção que se constrói no horizonte de curto e médio prazo.
   
   Em nenhum momento, nossas cassandras midiáticas conseguem destacar o fenômeno ocorrido no passado próximo – as famosas manifestações de junho, com multidões tomando as ruas para exigir melhoria substantiva na prestação de serviços públicos de qualidade, e, na mensagem subliminar – um desagravo com os investimentos inexplicáveis e superfaturados da Copa do Mundo de 2014.
   A presunção da normalidade política é uma das características da classe política e dos governantes brasileiros. A eleição garante um salvo conduto contra a realidade. Nossos políticos fazem do mandato de representação e de gestão uma peça teatral de realismo fantástico, crivada de anunciações fantasmagóricas e de prestação de contas desnecessárias, tendo em vista que a propaganda, em seus diversos canais, cumpre o papel de demonstrar o incompreensível e irrealizável para o cidadão médio.
   Se o nível de confiança da democracia representativa está em queda, com eventos sucessivos e escandalosos – mensalão, propinas, aumento de salários e benefícios (acima da média da inflação), etc., a crescente insatisfação do eleitorado brasileiro com sua combalida e degenerada representação política e ação governamental, afetam a legitimidade institucional da própria democracia, que não alcançou o fim do poço. 
   Na irrefletida condição de postulantes aos cargos mais importante do Brasil e dos Estados, Presidente e Governadores não cansam usar a mídia e alguns jornalistas de plantão para superexposição de sua imagem, embora o conteúdo apresentado não passe de um festival de asneiras políticas com suas propostas vazias . 
   Tal festival soterra toda nossa esperança em torno de governantes mais qualificados e renovados para uma crise econômica e social que aponta no horizonte próximo. A espiral do silêncio toma conta das ruas , fruto da cooptação de forças políticas e sociais, e em igual proporção , nossos postulantes a cargos eletivos potencializam o cinismo cívico com desprovido espirito republicano.

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