quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Noite generosa na jogatina...

     Sempre que viajo curto muito andar à noite pelas cidades. Depois das descobertas turísticas diurnas, invariavelmente saio à noite e caminho sozinho por ruas e ambientes "não tão turísticos". Gosto de conhecer as cidades em todos os níveis. Conhecer butecos, portos e seus entornos são coisas que me apaixonam. Nesses lugares se encontra figuras humanas interessantes, verdadeiras personagens.  
   Normalmente procuro lugares de jogos. Quando legais no país, vou aos cassinos. Quando proibidos, encontro os clandestinos que sempre existem, em qualquer lugar. 
   Hoje busquei uma casa de jogo aqui em Mestre (Veneza). Havia visto uma em frente à estação ferroviária quando cheguei de Veneza. O meu hotel fica a dois quarteirões dali.
   Acontece que esta casa fecha às 7:30h, como tudo no entorno da estação. Acho que é para não fazer "ajuntamento" numa região que concentra todo o tipo de gente. Questão de segurança. Atitude seletiva.
   Sai caminhando pela rua central de Mestre até o centro onde deveria encontrar alguma coisa. A única informação que tive foi de que um táxi me levaria em 10 minutos ao cassino da cidade que fica perto do aeroporto de Veneza. Muita mão, achei!
    De volta para o hotel encontrei um casa de caça-níqueis. Quando vi várias luzes coloridas piscando ao redor de um letreiro, dentro de algo que parecia um bar, tive certeza que ali tinha jogatina. Eba!
   Entrei, dei uma sacada no local - alguns indianos jogando, fumando, é permitido em alguns lugares - e fui até uma máquina, troquei 30 euros por moedas de 1 e 2 euros. A interface das máquinas são bastante amigáveis até porque são iguais às de Buenos Aires, do Chile e de Rivera, fronteira com Santana do Livramento. Aquelas interfaces ingenuas de faraós, Indiana Jones algumas de mulheres erotizadas com seios rosados e voluptosos, uma graça.
   A operação foi rápida. Segunda ou terceira jogada, apareceu um bonos que fui abrindo umas portas e acertando os valores mais altos. Resumo da ópera - ah! tem um jogo do fantasma da ópera - nessa jogada ganhei 300 euros. Imediatamente apertei o botão de pagar e começou aquele tilintar do níquel no alumínio, que tanto gosto.
   Quando a máquina parou de vomitar o gordinho que cuidava da casa, o jogo é estatal, veio e pegou todas as fichas, colocou em um pote e rapidamente levou para uma máquina de contagem. Total 211 euros. Bem, eu havia colocado 30 euros, o lucro estava bom. Peguei 11 euros em fichas e embolsei os 200. Só que quando voltei à máquina havia um aviso em italiano que, pelo que entendi, dizia que a máquina não tinha moedas sufucientes para pagar todo o prêmio. Ou seja, eu havia ganho bem mais do que o gordinho havia me pago.
   Pintou clima! Eu falando em espanhol e o gordinho "se fazendo"! Fotografei a tela com o aviso e botei pressão. O gordinho acabou abastecendo a máquina de fichas e eu fiz ela pagar o restante do prêmio. Consegui sair com 300 euros de lucro, mas foi meio
estressante.
   E tem jente que acha que é fácil ganhar em euros...
   Hoje, quando saia da casa de jogo em Mestre, lembrei de uma certa noite em Irani, Santa Catarina. Estava na cidade para dar uma palestra sobre a guerra do Contestado e depois da palestra fui em busca de uns caça-níqueis que só encontrei em um buteco à beira da estrada. No ambiente, a meia luz, se ouvia boleros. Ajustei a cadeira em uma máquina, meu parceiro, Lucki, em outra e mandamos ver. Ficamos naquele chove não molha de ganha e perde. Ao nosso lado um personagem da região não parava de colocar dinheiro numa máquina. De repente perguntou para uma das meninas que ficavam rodeando os jogadores:
- Quanto custa o programa?
- Cinquenta reais, disse a moça.
- Cinquenta é muito caro, respondeu o galo.
   E aí veio a melhor parte. Uma resposta ironica, cheia de filosofia:
- Pôrra, tu fica gastando uma fortuna aí com ess puta fria e não quer me pagar cinquentão? Vai te ferrar otário!

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