quinta-feira, 12 de abril de 2012

O ÁLAMO REVISITADO

   Por Olsen Jr.

   Foi durante o café, no restaurante aqui perto de casa, que a pergunta me surpreendeu. Já deveria estar vacinado contra certos tipos de interpelações. Todas às vezes que alguém começa afirmando “oh, fulano, você que é mais esclarecido”... Vem um pedido em seguida. Bem, mas o garçom se limitou em afirmar: o que é o Álamo? O que esta palavra significa? Olhei para ele, esquisito, partindo de quem partiu. Lembrei na hora do conto bem humorado de Artur de Azevedo em que o garoto pergunta para o pai, o que é plebiscito? Começo a rir sozinho enquanto o garçom, sem entender nada, tenta acompanhar-me acreditando que fosse com ele. Desculpe, digo, me veio à cabeça uma história que li quando criança e depois eu conto.

  - Tudo bem, diz o garçom, só queria saber...

  - É  que, assim solta, a palavra fica a mercê de várias possibilidades, brinco, tentando adivinhar de qual contexto aquilo tinha saído. Como ele não esclareceu, fui dizendo as primeiras coisas que me ocorreram. Tinha que começar por algum lugar, o Álamo é uma árvore, é um conhecido estúdio de gravação e dublagem... Também é o nome de um forte no Texas. Na verdade, uma Vila que tinha sido colonizada por espanhóis e quando o território foi disputado por americanos e mexicanos, serviu de palco para uma das mais conhecidas batalhas da história onde cerca de 400 pessoas, entre agricultores e pecuaristas e mais alguns pequenos grupos de voluntários resistiram por quase 20 dias o cerco de um exército com mais de seis mil homens. Aliás, deu um belo filme com John Wayne e Richard Widmark... E no final, acrescento, tendo súbita lembrança, como a ordem era não deixar sobreviventes, restou algumas mulheres e crianças, também, alguns homens, entre eles, talvez um dos poucos heróis (com tudo o que esta palavra significa) da história norte-americana, o David Crockett, que acabou sendo executado. Também, digo, era um dos meus gibis favoritos, num tempo em que estes “heróis” ainda tinham caráter. Para concluir, aqueles quase 20 dias de resistência no Álamo, permitiram que se fizesse uma Constituição para o Texas, e que foi, em seguida, anexado aos outros Estados da União.
   O garçom se deu por satisfeito e foi cuidar dos seus afazeres. Ainda bem, pensei, porque não me ocorre mais nada envolvendo a palavra Álamo. Depois que ele se afastou, fiquei imaginando aqueles heróis dos gibis, tirados da história, do guia e pioneiro Kid Carson, do caçador William Sidney Cody, o Búfallo Bill como ficou conhecido porque matava búfalos para alimentar os homens que construíam as estradas de ferro, do Daniel Boone... Do Roy Rogers e do Rex Allen, tirados do cinema, e claro, do Gordon Scott, Lex Barker e Johnny Weissmüller interpretando o famoso Tarzan, do Edgar Rice Burroughs... Não temos o hábito, nem a tradição, de cultuar nossos homens célebres, mas vejo o que poderia ser feito com o Cândido Rondon, a Coluna Prestes, e naturalmente, o bom e velho Monteiro Lobato, mas aí seria baratear os nossos sonhos, talvez, ficam as dúvidas.
   O que eu não confessei para o Cleber, no restaurante, foi que “O Álamo” tinha sido o primeiro filme que assisti, em Curitiba, Cine Vitória (final de 1969), por isso estava impregnado na minha memória, tinha 14 anos e marcou muito. Está bem, mas a gente não precisa contar tudo sempre, pô!
  Ah! E o Arthur de Azevedo ficou para outro dia...

Trilha sonora de Álamo

Um comentário:

  1. Falando em "perto de casa", li esta semana no Jornal Miguelito, que o Olsen esta abandonando a Ilha e indo para Rio Negrinho, sera que vai fundar novo Jornal por lá?
    Esperamos que mantenha sempre este espaço com suas cronicas Inteligentes.

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