segunda-feira, 18 de julho de 2011

UNE TRISTE UNE

Por Emanuel Medeiros vieira

    Participei do CPC (Centro Popular de Cultura) da UNE (União Nacional dos Estudantes), logo após o golpe militar.
    Sinceramente, nosso projeto era algo idealista, “desaparelhado”, sem busca de pecúnia e, muito pelo contrário, nunca encostado nas tetas do Executivo. Éramos perseguidos!
    Mesmo nos governos de Juscelino e Jango, antes do golpe, com altivez ela questionava os seus projetos.
    Hoje? Degradada UNE!
    Aparelhada, subalterna, subserviente, covarde, nas mãos dos PCdoB, recebe polpudas verbas do governo e fecha os olhos para as suas tramóias. Os professores do Rio de Janeiro estão em greve – terra do governador Sérgio Cabral, amigo dos empreiteiros – e a UNE não dá um pio.
    Pobre UNE (pobre de ideais – entendam bem). Subserviente UNE!
    Ela não se manifesta sobre o mensalão , aloprados, escândalos, balcão de  negócios na Casa Civil, corrupção no  ministério de Transportes e em outros órgãos. Nada.
    E uma poeta que também trabalha com atriz,  afirmou que, com o PT, seus “amigos estavam no poder”. Só se forem os amigos dela.
    E a UNE? Bico calado para continuar recebendo pelo seu indecoroso silêncio. A UNE que lutou contra o nazi-fascismo, de tantas lutas heróicas, agora só quer privilégios, mamatas, “bocas”.
    No seu último congresso, terminado no final de semana em Goiânia, a aviltada entidade chamou o Lula (tão complacente com a corrupção) para falar, para dizer suas platitudes - o mesmo homem que disseque “ler dá azia”, e hoje só gosta de viajar de jatinhos.
    Não gostou que chamassem a UNE de chapa-branca. É que Lula e sua camarilha detestam a verdade. E ele ainda foi aplaudido!
    E quem financiou o “convescote”? Petrobrás, Eletrobrás, Caixa Econômica Federal, ministérios do Turismo, Saúde, Esportes. Sem esquecer o apoio da Prefeitura de Goiânia, do Governo de Goiás e da Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
    Dinheiro de quem? Teu - caro leitor - meu, nosso.
    Comíamos pratos-feitos, viajávamos de ônibus de Porto Alegre para Salvador, sem dinheiro no bolso, parando em pensões pulguentas.
    Queixas? Nenhuma. Havia um sonho.
    Sim, havia.
    Não é o elogio do sofrimento. Tomávamos nossas caipirinhas, também festejávamos e, como diria Manuel Bandeira, havia morenas bonitas para a gente namorar.
   Mas não nos vendíamos.
   O verbo é esse: VENDER. A alma, não!
   Queixa? Nenhuma. Havia um sonho.
   Agora? Hotéis cinco estrelas, boates luxuosas: é isso o que quer essa estudantada aparelhada (ou “pelegada”?)! UNE chapa-branca: teus fantasmas te assombrarão!
    Foi vendida na bacia das almas, uma entidade que, um dia, mereceu o respeito do povo brasileiro.
    Ela tem dinheiro!  Mas também merecerá sempre o nosso desprezo e a nossa repulsa.
A outra UNE, não. Está no nosso coração. Mas, hoje, é apenas um retrato na parede.
(Salvador, julho de 2011)
 

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