sexta-feira, 29 de abril de 2011

SIC TRANSIT GLORIA MUNDI

Por Janer Cristaldo

Se há algo que não entendo no mundo, é o culto a personagens míticas. Por exemplo, as bodas reais na Inglaterra. Que fizeram de importante na vida o príncipe William e a Kate Middleton para atraírem a atenção de dois bilhões de pessoas no mundo, que é o número estimado de telespectadores do enlace? Um nasceu príncipe e ela, plebéia, foi a eleita do príncipe. E daí? O culto a eles prestado pelas multidões em nada difere ao culto um dia prestado a Hitler ou Stalin, Mao ou Kim Il Sung, Beatles ou Bono Vox.

Ou melhor, talvez entenda. Estes espécimes foram muito bem definidos no século passado por um judeu da Ucrânia. É o Kleinen Mann, de Wilhelm Reich. Ou o Zé Ninguém, como foi traduzido em português: “O homem pequeno é aquele que não reconhece sua pequenez e teme reconhecê-la; que procura mascarar a sua tacanhez e estreiteza de vistas com ilusões de força e grandeza, força e grandezas alheias. Que se orgulha de seus grandes generais mas não de si próprio. Que admira as idéias que não teve, mas jamais as que teve. Que acredita mais arraigadamente nas coisas que menos entende, e que não acredita no que quer que lhe pareça fácil de assimilar”.


Daí a acreditar no papa, em Hitler ou Stalin, basta um pequeno passo. Estas gentes, eu as conheço desde minha adolescência. Continua Reich: “Tu mesmo te desprezas, Zé Ninguém. Dizes: ‘quem sou eu para ter opinião própria, para decidir sobre minha própria vida e ter o mundo como meu?’ E tens razão: quem és tu para reclamar direitos sobre tua vida? Deixa-me dizer-te.

“Diferes dos grandes homens que verdadeiramente o são apenas num ponto: todo grande homem foi um dia um Zé Ninguém que desenvolveu apenas uma outra qualidade: a de reconhecer as áreas em que havia limitações e estreiteza em seu modo de pensar e agir. O grande homem é pois aquele que reconhece quando e em que é pequeno”. Leia tudo. Beba na fonte.

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