segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

CHIMARRÃO E BANANAS FRITAS

Por Olsen Jr.

A seção de cartas do leitor às vezes revela assuntos “palpitantes” como este. Ocorre que estamos bulindo com hábitos e costumes e isso, igualmente, é muito pessoal e decorrente de uma cultura vivenciada por este ou aquele e que também possui o seu nicho próprio.
O que favorece a rusga é a nossa posição de juiz, de arbitrar o que é “certo” ou o que é “errado” num comportamento. Temos as regras da etiqueta que socializam o quanto possível alguns hábitos, mas isso só vai até o estereótipo. Uma normalização estipulando o que um indivíduo deveria tomar ou comer no café da manhã ou mesmo no almoço ou jantar e que fosse estendida a todas as pessoas seria ridícula. Ah! Sem contar o que se consome entre uma refeição e outra e no caso do chimarrão até antes da primeira refeição do dia, ou do almoço, ou no final de tarde.
As pessoas, isso é lógico, assimilam no comportamento, hábitos que fazem bem, que nos deixam em paz com o “cosmos” e levam estes hábitos para onde for. É o que se conhece como transplante de cultura, tomando-se aqui a cultura em sentido sociológico significando modo de vida, comportamento, costumes...
Uma cultura nunca é imposta apenas assimilada. Tampouco, tem a ver com política ou execução de leis. Hábitos e costumes são subprodutos de referências, exemplos pobres originam imitações paupérrimas, o que naturalmente, não justifica e nem redime a insolência de um país cretinizado pelas elites e elitizado pela cretinice: tudo é Brasil.
O chimarrão é uma maneira tão boa quanto qualquer outra de você se encontrar com você mesmo ou de compartilhar a solidão com outras pessoas. Afirmar que é anti-higiênico é de uma pobreza que não vale a tinta que se gasta para mencionar a inconveniência da observação.
E a banana frita? Quem não gosta de uma banana frita? Se você estiver com muita pressa, o que te impede de levar esta guloseima e comer pelo caminho? Não se faz isso com churros ou sorvetes? O que se pede e se espera é que o comensal após desfrutar do seu prazer jogue a embalagem, o guardanapo ou o que se constitua o resíduo do que consumiu, em uma cesta de lixo, só.
Em público só é ruim fazer sexo, imagino. Agora, já desgarrado de alguns hábitos sem poder compartilhar a cuia de mate, ou de ter a dona Nica, minha mãe, para fazer uma bananinha frita antes de ir para a escola, só me restou o espumante que bebo quando estou triste, quando estou alegre, quando estou sozinho, quando estou acompanhado, para celebrar ou apenas para mostrar que estou vivo, afinal, como lembrou o jornalista Zózimo Barroso do Amaral, “Enquanto houver champanhe, há esperança.”

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