quarta-feira, 23 de junho de 2010

Paixão pela morte

Já havia estado no famoso cemitério de Montparnasse, Paris, onde estão enterrados famosos de todas as áreas das artes. Das artes plásticas, filosofia a música. Estão lá de Sartre a Serge Gainsbourg. Achei os "prédios" até bonitos, com esculturas grandes e vários estilos arquitetônicos.
Porém a visita que fiz ao cemitério da Recolleta, bairro chic de Buenos Aires, me deixou de cara!
A suntuosidade dos mausoléus e a grandiosidade das esculturas são algo descomunal.
Última morada (e que morada! Os caras moram muito bem!) de ricos e famosos da Capital Argentina, o cemitério da Recolleta é único no mundo. Atração imperdível para qualquer turista, o cemitério conta a história da vida política e mundana da Argentina.
Mas tudo na Argentina, de alguma forma, se explica pela morte e pela referência exacerbada aos mortos. Um culto necrófilo que se transforma em recorrente exercício da história Argentina.
O roubo das mãos do cadáver de Juan Perón (três vezes presidente) e o desaparecimento do corpo de Eva Duarte Perón (Evita) por 15 anos são dois casos emblemáticos da cultura portenha.
Em 1987 o túmulo de Perón foi profana e suas mãos arrancadas por deconhecidos.
O que se segue depois é um grande mistério que até hoje alimenta histórias fantásticas tipo de que alguém precisasse de suas impressões digitais para abrir um cofre a um castigo maçônico, passando por uma vingança da Logia Propaganda 2 (P2).

Com Evita foi pior ainda. O corpo da Mãe dos Descamisados incomodava os militares golpistas que temiam uma peregrinação popular ao seu túmulo. Contrabandearam o corpo em segredo para um cemitério na Itália onde permaneceu com nome falso por 15 anos sob custódia do Vaticano.

Em 29 de maio de 1970, durante a ditadura do general Juan Carlos Ongania, o assuntpo do corpo de Evita voltou à tona publicamente, no momento em que um grupo armado desconhecido seqüestrou o general Pedro Eugenio Aramburu. O grupo justificou o seqüestro alegando que Aramburu havia planejado o golpe contra Perón, e o roubo do corpo de Evita.

O general foi julgado e executado por seus seqüestradores.

"O corpo de Aramburu somente será entregue quando o corpo de Evita for restituído", anunciou o grupo em comunicado. Em 17 de novembro de 1974, menos de duas horas antes da chegada do avião com o corpo de Evita, um caixão com o corpo de Aramburu foi encontrado dentro de uma van abandonada na capital argentina.

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